sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ESQUADROS - ADRIANA CALCANHOTO


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Se tem duas coisas que definitivamente não combina com uma lés, é a timides.
Não, não há realmente nada mais chato do que essa vergonha estúpida que nos aprisiona a ponto de não conseguirmos muitas vezes mudar o curso de nossa vida.
Estava eu, em plena tarde de uma rotineira segunda-feira, num supermercado curitibano, comprando coisas para o jantar, quando me deparo com a mulher mais linda daquele lugar.
Era simplesmente uma ruiva de arrasar um quarteirão inteiro.
Simplesmente perfeita, alta, corpo esguio, os olhos castanhos que pareciam cintilar a todo o momento à poucos metros de mim e eu simplesmente não conseguia mover um músculo sequer. Não conseguia articular, falar, murmurar, sibilar nenhuma palavra, nenhuminha, diante daquela Deusa dos Cachos "rubios" que estava diante de mim, pegando sei la o que.
E ela o fazia de forma tão sensual, alias cada gesto seu era delicadamente sensual. Tudo nela era tão leve e perfeito e eu ali, estática, quase sentindo o ar faltar em meus pulmões que pareciam estar sendo comprimidos pelo meu coração que tripidava dentro do meu peito.
Eu dizia a mim mesmo: Vai lá sua parva, fala alguma coisa, nem que seja perguntar pra perguntar as horas, quanto custa a mortadela, qualquer coisa. Vai perder a chance bocó de ter por alguns segundos que seja aquele olhar direcionado só para você? Mas quem disse que meu corpo obedecia meu cérebro. As vezes chego a pensar que são inimigos.
Em poucos minutos ela foi se afastando, indo em direção ao caixa e meus olhos fixos nela, até de repente perde-la para sempre de minhas vistas....