quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

AMOR, SUBLIME AMOR.


O QUE FAZER QUANDO O AMOR SURGE DE UMA SITUAÇÃO INESPERADA, POR ALGUÉM INESPERADO. EM AMOR, SUBLIME AMOR, VOCÊ PODERÁ ACOMPANHAR A SAGA DE LUCIANA PARA VIVER SEU AMOR COM NURIA!

BOA LEITURA...


-Bom dia amor! – dizia uma voz terna do outro lado da linha, quando Luciana atendeu seu celular, completamente embriagada de sono
-Oi Valentim, tudo bem?
-Credo que mau humor gatinha. Você estava dormindo até agora? Já passa das 08h00minh.
-Meu Deus, eu não acredito que perdi hora pro trabalho. Ai Jesus, eu fiquei até tarde fazendo aquele maldito pré-projeto da monografia e ferrei no sono. Meu chefe vai ficar uma fera comigo. E você por que ta rindo da minha desgraça Valentim.
-Gatinha hoje é sábado. Você não trabalha aos sábados. – e continuou a gargalhar gostosamente da distração da namorada.
-Então posso saber por que me acordou tão cedo? Sabe muito bem que gosto de dormir até mais tarde aos finais de semana e que fico extremamente mal humorada quando me acordam em horário impróprio.
-Lu, será que eu posso entrar. Estou na porta da sua casa, já toquei a campainha duas vezes e você nada de me atender.
Contrariada, Luciana foi abrir a porta para o namorado e ao vê-lo começou a dar-lhe vários tapas no peito e ele achava tudo muito engraçado, agarrando-a em seguida levantando-a no ar.
-Amor, está um sol maravilhoso lá fora, e claro que nós não vamos desperdiçar um dia desses, após quinze dias de chuva. Nós vamos à praia. Vai la, põe um biquíni bem lindo, bem sensual, fica bem linda mim.
-Hum, cuidado hein. Os gatinhos lá da praia podem não resistir ao meu corpinho e me roubar de você.
-É, eles vão ficar babando com certeza mas, essa gata tem dono e eu confio no meu amorzinho e no meu taco. Sei que não me trocaria por um babaca babão qualquer.
-Ah, como você é presunçoso Valentim Fernandez Cortez Filho. Vou me trocar e já volto. Me espera aqui. - pediu ternamente, dando-lhe um beijo apaixonado.
Valentim e Juliana estavam juntos há quatro anos. Se conheceram quando ela deixou a pequena cidade de Tatuí no interior de São Paulo para cursar Publicidade na USP, na festa de confraternização dos “Bixos”.
Não era segredo para ninguém, que os trotes aos calouros era muitas vezes pesados, mas quando João olhou para aquela garota que aparentava ser tão frágil e ingênua se apiedou dela e resolveu protegê-la de seus colegas.
Tivera alguns problemas por conta disso, mas ele não se incomodou. Não era rebelde como os demais.
Ficaram amigos logo de cara, ele apresentou São Paulo a ela, levando-a em restaurantes dos mais variados tipos, chineses, tailandeses, japoneses mas o preferido do casal era um restaurante espanhol na zona sul. No começo Luciana não gostava daqueles pratos e temperos tão diferentes do que estava acostumada. Não gostou quando experimentou a tão famosa paella pela primeira vez, não gostava de frutos do mar. O chorizo então, sentiu embrulhar o estomago quando viu aquele prato tão exótico à sua frente, mas com o tempo fora se acostumando e gostando da culinária espanhola, afinal seu namorado era neto de espanhóis.
Ele era o filho mais velho de três irmãos, Nuría era a filha do meio, mas esta Luciana não conhecia. Falavam-se raramente por telefone, somente em épocas especiais, vira algumas fotos que ela mandava pois esta residia em Alicante, litoral espanhol com os avós.
Martim era o caçula. Tinha apenas 16 anos. Luciana o amava como irmão, pois esta era filha única. Martim era muito divertido, sempre fazendo piadas, animando quem estivesse a sua volta. Para descontentamento da família não gostava muito de estudar. Tirava notas boas no colégio, mas era incapaz de pegar seus cadernos e livros para estudar.
-Pra que ficar perdendo meu tempo em casa se já passo 8 horas na escola estudando. Eu tenho é que aproveitar o tempo que me sobra e curtir com as gatinhas. – dizia sempre
Ele era o oposto de Estevam que era mais quieto, mais centrado nos estudos. O melhor aluno da sala e tinha um futuro muito promissor na medicina.
Nuria era extremamente seletiva, tinha poucos amigos, pois dizia que a maioria das pessoas que conhecia eram incompatíveis com ela. Preferiu ficar morando com os avós, quando a família Fernandez Garcia viera da Espanha, pois dizia que lá estava sua turma, a “sua gente”, mas sentiu-se completamente contrariada com o fato de ter de voltar para o Brasil com os avós. Dona Carmen era cardiopata e o neto e o filho que também era médico, achou melhor que morassem com eles, pois assim poderiam cuidar dela. Ela amava demais os avós e não conseguiria ficar lá sem eles.
O transito fluía tranquilamente na Anchieta. Apesar de todo calor que fazia naquele mês de novembro. Luciana foram conversando sobre sua rotina e ouvindo música durante toda a viagem.
Chegaram ao Guarujá às 10h15min da manhã. Foram a uma padaria próxima à praia para tomarem o desjejum e após aproveitar todo o resto do dia.
Luciana amava o mar, sentir as ondas batendo em seu corpo, aquela maresia. Dizia a Estevam que assim que eles tivessem uma vida profissionalmente estabilizada morariam na praia. Acreditava que o litoral seria o melhor lugar para criarem seus filhos. Às vezes, sentada na areia ficava imaginando os filhos correndo de um lado para o outro na praia, fazendo castelinhos de areia ou se enterrando nela. Os via dando os seus primeiros passinhos e esses seus desejos eram tão fortes que chegava a se emocionar.
-Pago um milhão de euros para saber o que a minha namorada linda está pensando. – quis saber Estevam, que a abraçava ternamente, sentado atrás dela.
-Hum, mas que oferta. Se melhorar mais um pouquinho eu te conto o que é.
-Mas que mulher ambiciosa. Te pago três milhões de euros, o que acha?
-Negócio fechado. – e o beijou, perdendo seus dedos na vasta cabeleira encaracolada do namorado – eu estava aqui imaginando a gente morando aqui, nossos filhos brincando na praia. Quero que o nosso menino tenha os seus olhos e os cabelos iguais aos seus.
-E eu quero que a nossa filhinha seja tão carinhosa e meiga quanto à mãe, mas eu acho que enquanto nossos filhinhos não vem, a gente bem poderia ir para um lugarzinho bem gostoso, romântico e treinar bastante, que tal.
-Sabe que eu adorei a sua proposta. Bem que você poderia me levar para aquele hotel que me levou da primeira vez que fizemos amor.
-Seu pedido é uma ordem minha princesa.
O hotel se localizava bem longe da praia, mas era muito bonito e bastante sossegado. As suítes eram todas muito limpas e claras. As roupas de cama tinham um suave cheiro de lavanda. Mesmo longe da praia a vista era linda e dava para se ver o mar, os navios que saía do Porto de Santos aos mais diversos destinos.
Na porta da suíte, ele carinhosamente a pegou em seus braços e dizia sorrindo que estava treinando para a lua de mel.
Dirigiram-se para o chuveiro e tirar a areia do corpo. A todo o tempo, carinhosos um com o outro. Após foram para a cama. Delicadamente ele puxou a toalha que estava em volta do corpo delineado de Luciana. Não era alta, tinha pouco mais de 1.60, os seios eram pequenos e firmes, o ventre liso coberto por uma penugenzinha castanha. Era magra, mas tinha um corpo lindo.
Estevam acariciava cada parte do seu corpo enquanto a beijava. Suas línguas pareciam bailar dentro de suas bocas. Foi descendo então em direção aos seios, e ficou lá alternando as chupadas entre um e outro e ao passo que ele continuava a descer com sua língua, Luciana tremia embaixo de seu namorado, deslizando as unhas nas costas dele. Ao chegar ao centro de seu prazer, deslizou a língua para entro dela, dava mordiscadinhas sensuais em seu clitóris até colocar-se dentro dela com seu membro ora delicadamente, ora com mais vigorosidade até explodir em gozo dentro dela. Ele aninhou-se atrás dela e dormiu. Luciana ficava olhando para ele, velando-lhe o sono.
Voltaram para São Paulo no sábado a noite pois Estevam tinha estágio no hospital logo cedo no domingo.
Eram raros momentos que podiam curtir juntos o final de semana todo, ainda mais naquela época do ano, no final do semestre.
Nas semanas que se seguiram eles ficaram ainda mais tempo longe um do outro, pois ambos estavam em semanas de provas, Luciana estava nervosíssima por conta delas, com a apresentação dos trabalhos e com a entrega do seu pré-projeto para a monografia que apresentaria no ano seguinte.
Ao chegar as tão sonhadas férias, Luciana foi para o interior como sempre fazia todos os anos, já Estevam ficou alguns dias com a família em Alicante e na volta trouxeram Nuria e os avós.

Apesar de ser 05h30min da manhã, Luciana acordara inspirada. Aquele seria o seu primeiro dia de volta às aulas. Ela sempre ficava ansiosa, desde a época de colégio, com a expectativa de conhecer pessoas interessantes, os novos professores e o desejo que o ano que se iniciava fosse melhor que o anterior.
Sabia que aquele ano seria mais puxado pois era o último, embora não fosse ter aulas todos os dias teria de se esforçar ao máximo, principalmente no trabalho pois desejava ser efetivada na agência em que estagiava.
Art Prime era uma das mais renomadas agencias publicitárias de São Paulo. Por indicação de uma de suas professoras, Luciana começou a fazer seu estágio. Ela era bastante competente e criativa em tudo o que fazia. Todos gostavam muito dela e sua contratação era algo quase certo.
Algo dentro dela dizia que aquele dia demarcaria o inicio de um ano cheio de transformações e revoluções. Não sabia bem ao certo o que aconteceria, mas que ela sentia, ah isso sentia.
Tomou um banho demorado, aproveitando aquela sensação gostosa daquela água morna caindo em sua cabeça enquanto pensava no que deveria vestir para seu primeiro dia de aula. Depois de muito pensar optou por algo simples. Vestiu um vestido longo de algodão, todo florido que ganhara de sua mãe e sandálias rasteiras nos pés, prendeu os cabelos num rabo de cavalo, colocou um par de argolas pequenas, gloss nos lábios e máscara para os cílios para dar-lhes mais volume.
Estevam ligou em seu celular avisando que estava chegando em seu apartamento pois estava indo buscá-la para levá-la a faculdade.
-Ah, amor, deixa eu te falar, hoje você irá conhecer a minha irmã, Nuría. Ela está aqui comigo.
-Que legal amor. Estou ansiosa para conhecê-la, afinal você fala tanto dela e só tivemos o prazer de nos falarmos algumas vezes.
Ao abrir porta, Luciana não tinha noção que a sua vida viraria de pernas para o ar.
-Bom dia minha gatinha. Esta gatona aqui é minha irmã, Nuría.
-Hola Luciana. Placer e sabe-la. – se apresentou a ela, estendendo-lhe as mãos, olhando-a com arrogância, fazendo com que Luciana se sentisse acuada.
-O-oi Nuria. Prazer em te conhecer também. – disse quase num fio de voz.
-Vai ficar nos olhando e nos deixar na porta chica?
-Nossa, desculpa. Entra. Seja bem vinda à minha casa. Quer tomar alguma coisa, um suco, um café? – perguntou ainda desconcertada com sua cunhada.
-Não, gracias. Meu irmão me disse que seremos amigas de faculdade. Vou concluir meu último ano em Educação Física. Preferia mil vezes terminar minha faculdade lá, mas infelizmente tive de voltar.
-Ah maninha, não fala assim, a faculdade é ótima. Tem professores excelentes, inclusive vários vieram do exterior.
-É Nuría, tenho certeza que logo irá se enturmar e fazer novas amizades.
-Vai ser difícil. Mas como dizem por aqui, o que não tem remédio remediado está não é mesmo Luciana.
Luciana não soube o que responder, apenas sentiu-se corar. Que raiva sentira daquela garota tão petulante e mau educada. Que raiva sentira de si mesma por não dar-lhe uma resposta a altura.
-Garotas, vamos né. Acho que não vão querer chegar atrasadas no primeiro dia de aula. – disse Estevam olhando com ar de reprovação para irmã.
No caminho para a faculdade, Estevam quem ia puxando assunto com a irmã e a namorada, mas estas respondiam apenas o trivial. Nuría tinha um gênio difícil e por estar contrariada certamente descontaria toda sua frustração em alguém e a premiada fora Luciana.
Nuría ao descer do carro, fechou a porta abruptamente e foi conhecer a faculdade e encontrar alguém de seu curso.
-Meu Deus, Estevam, a sua irmã me odiou. O que será que eu fiz para ela? – perguntou, aninhando-se nos braços do namorado.
-Você não fez nada meu anjo, a Nuría é tempestiva assim mesmo, mas é um amor de pessoa. Tem um coração de manteiga, mas adora se fazer de durona principalmente perto de pessoas sensíveis como você. Ela só está com dificuldades para se readaptar, mas logo isso passa. Bom gatinha agora eu tenho de ir, o dever me chama. Um ótimo dia na faculdade e procura não se impressionar pela minha irmã.
-Ok meu amor. Nos vemos mais tarde?
-Não vai dar anjo. Eu vou dar um plantão de 24h no hospital. Agora vai ter de se acostumar anjo, agora seu namorado já é um médico, vida de médico em começo de carreira é uma loucura. Conversamos sobre isso, que seria assim logo que eu me formasse.
-Eu sei Estevam, eu sei. Mas vai lá. Um ótimo dia no trabalho. Seus pacientes o esperam e afinal eles precisam de um médico assim como você. Carinhoso e dedicado.
-Obrigada minha linda. Se cuida. Tchau
-Tchau tchau!



Os dias foram se passando e parecia não haver meios de Nuria e Luciana se entenderem. A conversa começava a fluir mas de repente vinha uma provocação por parte de Nuría, uma piadinha de mau gosto que a deixava completamente desconcertada.
Numa sexta-feira após um exaustivo dia de estágio, Luciana mau entrara em seu apartamento quando recebeu uma ligação de Estela, sua sogra. Ela a estava convidando para uma típica noite espanhola em sua casa. Luciana não estava afim de ir, queria dormir cedo, pois como não tinha aula teria de entrar mais cedo no estágio, mas não sabia como se desvencilhar daquele convite, então o aceitou.
Banhou-se rapidamente, vestiu uma camisete e bermuda jeans, sapatilhas de salto não muito alto e fez uma maquiagem bem leve. Chamou um taxi e rumou para o bairro da Aclimação.
Quem abriu-lhe a porta quando chegou fora Nuría. Ela estava linda. Trajando um collant preto, os cabelos encaracolados pintados de vermelho presos em uma trança de lado, uma saia vermelha cheia de babados que lhe chegavam aos pés e sapatos pretos com tachinhas nas pontas e no salto. Sua maquiagem era um tanto carregada. Os olhos estavam bem contornados com delineador preto, os cílios fardos ficaram ainda mais volumosos por conta da máscara que estava usando. Reparara que seus olhos eram verdes, de um verde bem mais intenso que os de Estevam. O corpo bem trabalhado denunciava que ela praticava horas de malhação e seus seios fartos se destacavam no collant que estava usando. Era mais alta que Luciana e olhava como se quisesse encolhe-la com o olhar.
-Entra cunhadinha. Meu irmão pediu pra avisar que ele ainda está no hospital e não sabe que horas vai voltar. Ah ele me pediu também que fosse bem boazinha com você então pode ficar tranqüila que não vou te importunar muito hoje.
Luciana esboçou um sorriso tímido e entrou. Fora muito bem recebida pelos pais e avós do namorado. Recebeu de Martim um beijo estalado na bochecha. Ficou feliz por Martim estar lá. Ele era engraçado e a ajudaria lidar com sua irmã geniosa.
Na residência dos Fernandez Cortez havia alguns amigos íntimos da família, também descendentes de espanhóis.
Todos estavam muito animados, riam, bebiam e comiam muito. Fazia uma noite bastante agradável.
Num dado momento todos sentaram-se nas cadeiras que estavam dispostas em círculo para verem Nuria dançar. Javier e Pepe tocavam violão flamenco e carròn enquanto os outros acompanhavam com palmas.
Nuria se colocou ao centro do círculo até num rompante começou a dar vários golpes do não com os saltos dos sapatos, com as mãos na cintura e de repente projeta suas mãos para frente olhando para todos com uma certa fúria no olhar, bailando com viceralidade. Parecia estar em transe. Seus passos eram compassados, precisos. Todos olhavam para ela encantados, os avós então a olhava com orgulho mas Luciana olhava para Nuría como se estivesse hipnotizada. Não conseguia piscar pois não queria perder nenhum de seus movimentos.
A dançarina se aproximou dela executando uma sequencia de golpes, coordenando movimentos precisos das mãos e do quadril. Ela olhava para Luciana, com provocação, com um sorriso malicioso nos lábios. Esta por sua vez sentia seu coração bater no mesmo compasso dos golpes dos passos daquela dança tão sensual.
Ao final da dança, Nuria desafiou sua cunhada convidando-a para dançar. Ela recusara o convite, alegando não saber dançar, mas dona Carmem insistiu para que aceitasse o convite da neta.
-Mi hija, va a casarse con un espanol. Necesita saber bailar. – dizia acariciando ternamente o rosto de Luciana que não teve mais como recusar ao convite da abuela.
-Mamá, empresta um de seus sapatos para Luciana bailar. Os meus ficarão grandes para ela.
Quando Luciana se dera conta já estava vestida como uma típica dançarina de flamenco.
Com muita paciência Nuría e a mãe foram ensinando algumas sequencias de golpe para ela, o movimento das mãos. Esta fora aprendendo rápido. A cunhada, exigente, resolvera explicar alguns movimentos um pouco mais complexos mas Luciana passou a ter um pouco mais de dificuldade. Aproximou-se dela então, e segurou-a pela cintura e foi mostrando lentamente o que ela tinha de fazer.
Sem saber porque, a garota sentiu seu corpo inteiro tremer com aquele contato tão próximo a Nuria. Um arrepio percorreu-lhe pela espinha, quando sentiu aquele hálito quente, muito próximo a seu pescoço. Sentia-se entorpecida com o cheiro do perfume que vinha de sua cunhada a ponto de deixa-la sem ar.
-Lu, está tudo bem com você? – perguntou Estela preocupada – Você me parece pálida chica!
-Acho que fiquei um pouco tonta, mas não é nada demais, logo passa.
-Não se preocupe mamá, eu cuidarei dela até o Estevam chegar. Venha Lu, vamos até meu quarto.
-Eu vou com vocês. – disse o pai, que estava logo atras dela.
Dr. Fernandez verificou a pressão arterial e o pulso. Estava um tanto taquicárdica, suando frio e a tez pálida. Estralava os dedos compulsivamente. Aqueles sintomas eram típicos de uma crise de ansiedade. Nuria foi a cozinha e preparou um chá de camomila para Luciana, que após bebe-lo fora voltando ao normal.
-Meu Deus, que vergonha. Estou estragando a festa de vocês.
-Oras Lu, nada haver cunhadinha. Relaxa – disse Martim que apareceu na porta, querendo saber da moça.
-Bom, agora que está melhor, vou voltar com os convidados e você vai ficar deitada mais um pouco. Nuria lhe fará compania?
-Eu fico aqui com ela papá.! –
Quando viu a porta ser fechada, pensou: “Agora essa garota vai me massacrar!”
-Ei, que cara de assustada. Não vou te morder não tá! – brincou – desculpe se tivemos até agora dialogos tão conturbados, mas é que está sendo tão dificil pra mim me readaptar.
-Tudo bem. Sei como se sente. Também estranhei muito quando vim do interior para esta selva de pedra que é São Paulo, mas hoje não me imagino de volta para Tatui.
-Ah, jura que você veio de Tatui?
-Sim, por que?
-Você não vai acreditar, mas a prima da minha ex- namorad...- e cortou-se ao ver a expressão espantada de Luciana, ficando completamente desconcertada
-Nuria, você namorava uma mulher? – perguntou com curiosidade
-Namorava por que? Vai sair espalhando para todo mundo, fazer piadinhas, me chamar de como vocês falam qui no Brasil, de sapatão? – esbravejou, como se a cunhada fosse a culpada por sua gafe.
-Hei! Calma Nuria. Para. Eu não sou preconceituosa não tá, pare de me julgar mau. Só fiquei surpresa, mas jamais contaria isso a alguem. Isso é algo que diz respeito somente a você. – disse olhando profundamente em seus olhos.
-Desculpa Lu, mas é que este é um segredo que tenho guardado a sete chaves. Mais um dos motivos pelo qual não quis voltar. Eu tinha uma namorada lá, mas ela terminou comigo quando soube que eu viria embora e isso me deixou destruída. Estávamos muito apaixonadas uma pela outra. Nosso namoro era mágico. Helena era tão doce, meiga. Tinha um sorriso lindo e um par de covinhas que me deixava doida cada vez que ela sorria. – e fora contando cada vez mais detalhes de seu namoro, deitando-se ao lado de Luciana. – Eu nao queria terminar. Prometi que mensalmente iria para lá, para ficarmos juntas, mas ela disse que não acreditava em namoros à distancia e que seria melhor assim, que terminássemos antes de nos envolvermos ainda mais. Você tem noção do quando sai de lá com o coração partido?
Luciana ouvia tudo àquilo e se sentia estranha. Ficara irritada com o modo carinhoso e saudosista que Nuria falava da sua relação com Helena e foi como um tiro à queima-roupa, que ouviu a irmã de seu namorado perguntar:
-Você já beijou alguma mulher Lu?
-Ta louca Nuria, claro que não. – respondeu furiosa àquela pergunta tão invasiva.
-Nossa, o que há de tão repulsivo assim beijar uma mulher hein Luciana?
-Não tem nada de repulsivo só que nunca beijei.
-Não sabe o que está perdendo. Nada mais gostoso que um beijo suave de uma mulher. E na cama então. Posso lhe garantir que somos muito mais criativas do que os homens. Sexo hetero é muito previsível, agora duas mulheres na cama mi apreciada, é algo surpreendente. – dizia olhando para Luciana segurando-lhe o rosto como se fosse beija-la a qualquer momento, deixando-a trêmula da cabeça aos pés.
-Mas você,...er...hum...
-Você quer saber se eu fazia amor com a Helena?
Luciana apenas fez um sinal afirmativo com a cabeça, sem ter muita coragem de encara-la nos olhos.
-Ah cunhadinha, não seja bobinha né. Claro meu bem. Nada me deixava mais excitada do que aquela mulher gozando e olhando para mim, dizendo meu nome, explodindo em espasmos. E quando ela me tocava então? Uma mulher sabe precisamente onde tocar a outra. Mas e ai, você está melhor? Quer voltar para festa?
-Tô, tô sim – respondeu atônita com cada palavra que havia ouvido
-Então vamos porque eu ainda quero dançar e muito.
-Não senhora, essa mocinha linda vai ficar ai mesmo deitadinha – disse Estevam que acabara de chegar do hospital, indo em direção a sua namorada, enchendo-a de beijinhos.
-Vou deixar os pombinhos a sós. Agora sei que está em boas mãos chica, vou dançar. Beijinhos.
Luciana abraçou o namorado, parecendo uma criança assustada nos braços do pai.
-O que foi meu amor? A minha irmã te fez alguma coisa?
-Não querido, por encrivel que pareça, ela foi um doce comigo. Ficou aqui cuidando de mim até você chegar.
-A mamá, me contou mas eu precisava ver com meus próprios olhos e ouvir de sua boca. Eu preciso de um banho, quer entrar no chuveiro comigo assim eu posso ajuda-la a relaxar.
-Gostei dessa terapia alternativa de relaxamento. Vamos.
Ele fora despindo-a lentamente e ela a ele. Começaram a se beijar, os toques foram ficando mais intensos, mas de repente as palavras de Nuria vieram com força a mente de Luciana e ela sentiu-se tensa, um misto de confusão em sua cabeça. A medida que seu namorado a tocava pensava em como seria se uma mulher tivesse lhe tocando, o que Nuria faria se a tocasse. Sentiu-se apavorada com aquele pensamento. Quis apressar a transa para que aquela sensação estranha passasse, mas em vão, ela não passou. Piorou quando sentiu Estevam gozar dentro dela e ela nada. Simplesmente sentiu seu tesão se esvair naquele momento em que o namorado ia e vinha para dentro dela, ofegante, apertando-a contra parede gelada do boxe desabando seu corpo em cima dela sem se dar conta que ela não estava satisfeita, não estava em mesma sintonia.


Após a revelação de Nuria, Luciana e ela ficaram mais próximas. Na faculdade sempre se encontravam nos intervalos para conversar. Saiam juntas para tomar um chopp num barzinho que havia ali próximo. Iam a baladas ja que Estevam estava cada vez mais ausente e nos poucos momentos que estavam juntos o celular dele sempre tocava e ele precisara ir atender as emergencias do hospital.
Ele não estava mais tão interado de seu cotidiano, justo naquele resto de ano em que ela precisava tanto dele, afinal estava a poucos meses de sua formatura.
Nuria ao contrário do irmão, lhe dava força quando ficava nervosa nas apresentações de trabalho, nas vésperas de provas. A fazia rir e Estevam só sabia lhe contar coisas tristes do seu cotidiano, dos pacientes que morriam, dos diagnósticos terríveis, coisas que ela queria evitar saber naquele momento.
Numa noite, Nuria foi até a casa de Luciana e a convidara para sair. Queria a compania da cunhada em uma boate GLS famosa que um amigo da faculdade havia lhe comentado, a The Week. Que topou na hora. Ela adorava fazer tudo ao lado de Nuria. Elas estavam cada vez mais próximas.
-Nossa cunhadinha, você está linda. Uma delicia eu diria. Se não fosse namorada do tosco do meu irmão...
-Ah Nu, não fala assim. Me deixa sem graça – disse sorrindo, com as faces coradas
-Mas você está realmente linda Lu – elogiou segurando seu queixo, olhando em seus olhos negros e profundos – agora vamos gata porque eu quero beijar todas.
Ambas riram do comentário.
Quando chegaram Luciana se deparou com um lugar totalmente diferente ao que estava acostumada. Claro que ja vira pessoas do mesmo sexo se beijando, afinal em São Paulo isso é algo bem comum, mas é que de repente tudo passou a ser diferente. Ela olhava aquilo de uma outra forma. Via casais de mulheres lindas tão apaixonadas uma pela outra, outras mais ousadas paquerando descaradamente, perfeitas caçadoras.
-Uhu! Isso aqui está bombando hoje! – disse Nuria, puxando sua cunhada ate o barzinho do local. Tomaram uma cerveja cada uma e depois foram para pista dançar até que uma mulher que estava próxima delas foi ao encontro de Nuria.
-To vendo que vocês duas não são um casal né?
-Somos cunhadas. – respondeu Luciana
-Hum, bom saber. Então acho que não vai se importar se eu raptar a sua cunhada por uns minutinhos não é – disse a ruiva que puxava Nuria pelos braços, dando-lhe um beijo de tirar o fôlego, deixando Luciana estarrecida.
Quem era aquela ruiva ninfomaníaca para puxar Nuria pelos braços?
Ficou extremamente irada com a cena a sua frente. Que ódio sentiu da ruiva, quando viu suas tocarem o ventre da outra com as mãos por baixo de sua camiseta. Estava confusa. Queria ir até la e separar as duas, queria gritar, queria correr, queria sumir, mas seu corpo não atendia a nenhum desses comandos, então ficou la parada no meio da pista vendo as duas num beijo daqueles.
Num roupante, foi até o bar sozinha e pediu uma tequila. De repente aquela bebida taõ forte lhe deu uma sensação de leveza e não pensou duas vezes para pedir a segunda, a terceira, a quarta dose, depois foi dançar. Estava completamente eufórica. Ela pulava e dançava freneticamente, olhava de forma insunuante para outras mulheres que estavam a sua volta e quando viu Nuria foi até ela e a puxou pelos braços, separando-a da ruiva.
Sentiu naquele momento uma vontade desesperadora de beija-la, de atirar-se em seus braços, mas um resquicio de consciencia a impedia, apenas a segurou pelas mãos gritando para que esta dançasse também.
Percebendo que Luciana não estava nada bem, resolveu ir embora. Chamou um taxi e foram para casa de Lu.
Nuria deitou-a e se despiu, ficando apenas de calcinha, após foi tirando as roupas da cunhada e de repente se viu desejando-a.
-“Dios mio, como ela é linda. Ai Lu, porque você tinha de ser a namorada do meu irmão. Por quê?
Sem muitas dificuldades, carregou-a em seus braços e a levou para o chuveiro.
Luciana pulava, com aquela agua gelada que lhe caia sobre o corpo. Queria sair dali debaixo. Estava com frio. Instintivamente se abraçou a Nuria, enquanto tremia na água gelada.
De repente as duas se olharam cheias de tesão e de desejo. Nuria acaricia o rosto de Luciana que aceitava seus carinhos até não mais aguentarem e se renderem a um beijo ardente, sofrido, desesperado. De seus olhos escorriam lágrimas, de culpa, afinal ambas estavam traindo Estevam mas o desejo e a paixão falava muito mais alto naquele momento. Elas sentiam urgência de se tocarem, de se amarem. As mãos fortes e ao mesmo tempo delicadas de Nuria percorria-lhe por todo seu corpo. Abriu-lhe as pernas e percebera o quanto Luciana estava molhada. Tocou seu clitóris e o sentiu rijo. Começou então a esfregá-lo deixando-a completamente entorpecida, dizendo palavras desconexas e ao perceber que Lu estava prestes a gozar, alojou suas pernas no meio das delas de modo que as de luciana também ficasse no meio das suas e ficaram naquela felação até atingirem juntas um delicioso orgasmo.
Permaneceram abraçadas por muito tempo. Queriam dizer tantas coisas uma a outra, mas as palavras estavam presas em suas gargantas.
Foram então se deitar e o sono não demorou muito a vir. Estavam exaustas.
Ao acordarem, sentiram-se assustadas. Tentando uma a outra explicar, justificar o injustificavel.
-Foi só dessa vez! – uma dizia
-É. Nós estávamos bêbadas demais. Foi um surto. Não vai mais acontecer!
-É não vai.
Nuria fora para faculdade, pois tinha uma aula importante. Luciana fora para o trabalho, pois tinha uns projetos a serem concluidos e também teria uma reunião.
Mas nenhuma das duas conseguiam se concentrar em suas atividades. Não conseguiam pensar em outra coisa se não na noite anterior. Não acreditavam que tivessem chegado a tal ponto. Aquilo tudo parecia um sonho e um pesadelo.
Ao voltar para casa, Luciana fora pensando e resolveu tomar a seguinte decisão. Se afastaria de Nuria por uns tempos. Com certeza aquilo tudo era carencia por seu namorado estar tão ausente e curiosidade pelas coisas que Nuria sempre lhe falava e tudo isso misturado ao estress no trabalho, na faculdade, o tcc que seria apresentado em breve.

-Alô!
-Oi gatinha. Tenho uma surpresa para você. Finalmente vamos poder passar um final de semana inteiro juntos o que acha.
-Que maravilha Estevam! Já estava me sentindo sem namorado
-É meu anjo, sei que estava em falta com você, mas prometo te recompensar. Agora interfona para o seu porteiro e pede pra ele deixar eu subir. Estou aqui na portaria.
-Ok, gatinho. Beijo.
Quando subiu, Estevam fora logo lhe agarrando. A tempos não fazia amor com sua namorada, mas aquela atitude a deixara irada.
-Para Estevam, para! Tá parecendo um ninfomaniaco.
-Qual é gatinha? Faz quanto tempo que a gente não na mora. Faz mó tempo que estou na seca. Vem cá vem.
-Ai Estevam, estou desconhecendo você. Parece estar matando cachorro a grito e outra hoje não dá estou menstruada.
-Puta que pariu, a tempos não tenho tempo de transar com a minha namorada e quando tenho ela menstrua. – esbravejou, deixando Luciana assustada
Ele então percebera sua mancada e abraçou afim de se desculpar.
-Amor, me perdoa. Nossa não quis parecer um tarado. Tem toda razão. Aquele hospital...- e foi falando sem parar que estava estressado, que sua jornada era pesada, e isso, e aquilo sem ouvir Luciana, sem perguntar como ela estava, como estava sendo seus dias.
De repente sentiu uma falta imensa de Nuria. Não conversavam desde aquele dia fatídico. Era apenas oi, durante os intervalos e depois cada qual com sua turma. Nem a casa dos sogros estava indo mais alegando estar estudando muito e que precisava se dedicar a faculdade aquele resto de ano.
Estevam depois de muito falar, foi tomar seu banho e depois chamou Luciana para deitar-se com ela e dormiu.
Já não estava tão mais carinhoso como era antes. Não a aninhou em seu peito como sempre fazia quando iam dormir.
Na manhã seguinte, ele já fora mais delicado que na noite anterior. Lhe preparou o café da manhã e levou-lhe na cama. Ligou a teve pois adoravam assistir ao Bob Esponja. Eles riam a valer com as trapalhadas daquela esponja amarela.
-Amor, você fica ainda mais linda quando sorri sabia. Vem cá vem. Me da aqueles beijos que só você sabe me dar.
Ela fora se aproximando lentamente, a modo de provocá-lo, mas ele a puxou em cima de seu peito e a despiu.
Perdia suas mãos em seu corpo, explorando cada um de seus pontos de prazer e Luciana fora surpreendida mais uma vez por não estar sentindo desejo por ele. Deixou que ele continuasse, sentia necessidade de se testar, mas em vão. Fingiu um orgasmo para que ele terminasse logo e ele acelerou seus movimentos gozando rapidinho. Ficaram deitados de conchinha. Ele estava satisfeito, realizado, mas ela sentia falta de Nuria. Lembrava do seu cheiro, dos seus beijos, seus toques, da forma que gozaram e sentia-se molhada, tomada por um tesão intenso, desesperado.
Naquele momento ela se dera conta de que amava Estevam, mas não mais como homem, como namorado, como amante. Seus sentimentos eram diferentes agora. Tinha por ele um imenso carinho, respeito, bem querer, mas paixão ela nutria por Nuria.
Ela chorou baixinho. Não sabia o que fazer com todo aquele sentimento que a assolava. Será que Nuria sentia a mesma coisa?


Nuria a muito não tinha paz, suas noites eram mau dormidas, sempre despertava sobressaltada de sonhos que tinha com Luciana.
Era uma tortura ver sua cunhada na faculdade e senti-la tão distante. Fugindo dela. Entendia a posição da moça. Acreditava que seria melhor para todos que as coisas continuassem como estavam.
O domingo amanhecera nublado, frio mas não queria ficar em casa. Precisava sair. Pois e ficasse ficaria pensando o tempo todo na cunhada e aquilo a fazia sofrer.
Vestiu um agasalho, pegou seu skate e fora andar no Parque da Aclimação, mas qual não foi sua surpresa quando deparou-se com seu irmão e a namorada abraçados.
Sentiu seu peito sangrar. Ver aquela cena era insuportável demais. Ela então respirou fundo e impostou seu típico olhar irônico e encarou o casal.
-Olha maninha, não é que você anda bem de skate mesmo. Quase tão bem quanto dança não é amor?
Luciana apenas concordou com a cabeça.
-Eu sou boa em tudo que faço meu caro, mas agora eu quero ver se a cunhadinha tem coragem de andar, desafiou jogando o skate em cima de Luciana, que num reflexo rápido o segurou, premeditanto a atitude de Nuria.
-Não sou moleque como você para ficar andando com este brinquedo de menino! – devolveu com o olhar furioso
-Realmente você não é um moleque, é uma parva isso sim que tem medo de tudo, que fica se escondendo de si mesma. Desculpe meu bem, se meu primeiro nome é coragem.
-Escuta aqui senhorita coragem eu não sou obrigada a ficar aguentando seus desaforos não tá.
-Pára as duas! O que é isso. As duas estavam tão amigas e do nada deram pra brigar de novo? O que aconteceu que eu não sei? Que parte eu perdi.
-Larga de ser babaca Estevam. Não aconteceu nada. É sua namoradinha que é estressadinha. Agora os dois me deêm licença que eu vou continuar meu passeio. Fui. – e partiu com seu skate, indo a toda velocidade.
-Vamos para casa Estevam, este passeio para mim perdeu a graça.

Nos dias que se estendiam, Luciana estava cada vez mais tensa. Não estava mais feliz com o namoro e seu tcc a estava deixando completamente maluca.
Pediu para se ausentar por três dias do trabalho para concluir o trabalho. Fazer aquela monografia fora extremamente trabalhoso, mas o resultado estava impecável.
No dia da apresentação estava nervosa. Ficou chateada pois não poderia contar com a presença do namorado que estava em uma conferência de Cardiologia em Refice. Seria a segunda a se apresentar e sua colega estava no fim da apresentação.
Sorrateiramente a porta da sala fora aberta.
Era Núria que viera para assistir a sua apresentação. Ela se aproximou de Luciana. Lhe deu um abraço tão terno e um beijo no rosto e desejou-lhe sorte.
Sentia-se feliz ao ver Nuria ali, torcendo, vibrando por ela. Esmerou-se para fazer sua melhor apresentação e de fato foi a ponto de ser aplaudida em pé pelos colegas e por sua paixão.
Ela viu então a cunhada se levantar devagarinho e sair da sala. Foi então atrás dela.
-Nu, espera! Quero falar com você.
-Oi Lu. Você esteve maravilhosa. Meus parabens!
-Obrigada. Obrigada mesmo de coração por ter ido lá me assistir. Me da uma força. Se fui bem é porque recebi boas vibrações de você.
-Nao tem do que agredecer. Se saiu bem porque é inteligente, agora eu preciso ir pois daqui a pouco vou apresentar a minha monografia.
-Nossa, a sua também é hoje. Eu vou lá te ver.
-Não. Volta pra sala, seus professores vão querer falar contigo, vão dizer a sua nota.
-Depois eles me contam isso, agora eu vou ver você. Vamos – e caminharam até a sala da turma de Educação Física de mãos dadas.
Nuria saiu-se tão bem quanto Luciana. Tinha muita desenvoltura para falar em público. Era mais segura.
Cada qual foi conferir com os jurados de suas bancas sobre suas notas e as duas ficaram muito felizes pois sairam-se bem.
Na hora do almoço Luciana convidou Nuria pra almoçar. Elas foram para um restaurantezinho que havia ali por perto. Falavam-se pouco, olhavam-se muito. Se namoravam, se possuiam com o olhar.
Voltaram após o almoço cada uma para suas atividades. Luciana fora para agencia e Nuría fora para academia em que trabalhava.
Após ver Nuria, Luciana tomara uma decisão. Terminaria seu namoro com Estevam. Já não via mais propósito em continuar um namoro tão sem paixão, da parte dela.
Numa noite de folga, ela o convidou para ir a seu apartamento, jantaram e ele percebera que ela estava tensa, querendo lhe contar algo até de repente ser surpreendido com aquela bomba.
-Eu não acredito meu amor. Você não pode estar falando sério! É outro não é? Você está apaixonada por outro homem? – perguntava desesperado
-Não meu querido, não tem outro homem. – e de fato não tinha, pois mau sabia ele que se tratava de uma mulher, mas naquele momento não era necessario que soubesse. – Eu te amo Estevam, mas meu amor por você mudou, está diferente. Estamos vivendo momentos muito diferentes de nossas vidas. Você está ai tão tomado por seu trabalho, vai fazer sua especialização e eu também, agora que terminei a faculdade quero me empenhar ao máximo no meu trabalho, quero me fazer uma pós no exterior. Meu amor, acredite. Vai ser melhor para nós dois.
Depois de muita conversa, muitas lágrimas, Estevam entendeu que seria melhor para ambos. Sabia que continuaria a ser ausente. Sem ter o tempo que merecia dedicar a ela.
A despedida fora dolorosa.
Após mais um ano tão intenso na faculdade, vieram as tão merecidas comemorações. A colação e o baile de formatura foram os dias mais felizes e importantes de sua vida. Se emocionou muito ao lado dos pais e outras pessoas tão queridas. Fora contratada na agencia em que estagiava. Ficou maluca ao saber que seu salario triplicaria e ela poderia enfim parar de depender de seus pais. Tinha tantos planos em sua cabeça e o primeiro deles seria financiar um carro.
Nuria também comemorou a sua conquista com sua familia com toda pompa que merecia. Em sua casa foram três dias inteiros de muita festa. Vinda de familia mais abastada ela ganhara de seus avós uma caminhonete que tanto sonhara e dos pais uma passagem para um cruzeiro nas Ilhas Gregas.
Luciana ganhara de seus pais uma passagem de um cruzeiro para Fernando de Noronha.
Ficara encantada com as maravilhas daquele lugar. O contato com a natureza, com os golfinhos.
Tudo ali era perfeito, mas sentia falta de Nuria para compartilhar daquele sonho com ela, assim como Nuria sentia sua falta no navio. Olhava para aquela imensidão do mar e pensava:
-Ah “chica mia” que falta você me faz.
Depois de dias tão lindos de passeio, elas finalmente aportaram no Porto de Santos. Foram procurar por seus familiares até que, de repente se trombaram.
Se olhavam de forma tão apaixonada e então se renderam a um delicioso de demorado abraço. Seus lábios estavam ávidos por um beijo mas foram surpreendidos pelos pais de Luciana que a chamavam. Se despediram então, mas Luciana lhe disse ao ouvido:
-Vá a meu apartamento na segunda. Eu preciso lhe falar com urgencia. – deu-lhe então um beijo no rosto e partiu.
Aquele final de semana custava a passar para elas. Cada qual a seu modo procuravam fazer coisas para tentar diminuir a ansiedade até que chega a tão sonhada noite de segunda feira.
Luciana estava perdida no que iria vestir. Queria estar linda para Nuria. Vestiu uma camiseta e uma jardineira florida. Nos pés chinelinhos de couro que comprara uma vez numa feira hippie. Passou um perfume suave.
Sentiu seu coração vir a boca, quando escutou o toque da campainha.
Era Nuria, que lhe trazia nas mãos um lindo golfinho de pelucia e uma barra de chocolates.
Luciana puxou-a pelas mãos e pediu que sentasse.
-Nu, eu, eu nem sei por onde começar, mas tenho que lhe contar algo que está intalado na minha garganta a tempos.
-Fala Lu, o que é? – perguntou aflita, temendo ser algo ruim.
-Estou apaixonada por você Nuria. Não tem um só dia que não pense em você, que eu não te deseje. Senti meu coração apertado por estar longe de você todo esse tempo, mas eu estou confusa, perdida, pois não sei o que fazer com tanto sentimento, não sei o que é namorar uma mulher, nunca desejei nenhuma, sempre fui muito hetero, e de repente cá estou, louca por uma outra garota – dizia de forma atropelada, andando de um lado para outro como se fosse afundar o chão a qualquer momento
Nuria então se levandou e a puxou, prendendo-a em seus braços, com lágrimas aos olhos lhe dizendo ao pé do ouvido:
-Só Deus sabe o quanto desejei este momento pequena. O quanto queria estar com você, mas o quanto morria de culpa por me sentir traindo o meu irmão.
-Acha que também não sofri. Sempre fui louca pelo Estevam, ele é um homem maravilhoso, gosto muito dele, ouso até dizer que o amo, mas de uma forma fraternal. Nao tenho mais tesão algum por ele. Nos ultimos meses em que estivemos juntos eu sentia uma certa repulsa quando ele me tocava, desejava a todo momento que aqueles toques fossem seu.
-Mi amor, mas agora a gente está junto. Porque eu te amo muito Lu. Te amo demais. Meu irmão está bem, vivendo a vida dele. A gente merece ser feliz.
-Sim, merecemos. Me ponho em suas mãos Nuria, minha Nuria! Tudo o que mais quero é viver este amor com você. Só peço que tenha um pouco de paciencia comigo, pois tudo é tão novo para mim. Não vamos contar nada a ninguém por enquanto.
-Claro meu amor, claro. Vamos contar no momento certo. Agora vem Lu, vem e me mata essa vontade de te amar.
Não havia mais nada a se dizer uma a outra. Seus olhos diziam por elas, seus corpos precisavam se amar, com amor, com paixão, com loucura. Tinha urgencia de se amarem e não se renderam, se entregaram àquele amor tão intenso que mereciam viver uma ao lado da outra.



FIM